20 novembro 2016

Brasileirão 2016: Uma questão de matemática, a 3 jogos do final

Palmeiras quase campeão... G3... G6... talvez um G7 e... água de salsicha

O Palmeiras com a mão na taça
Quando só restam 3 jogos para terminar o Brasileirão, Palmeiras (71 pontos), Santos (67) e Flamengo (66) são os clubes com possibilidades matemáticas de chegar ao título. Mas já faltam poucas contas para que o Palmeiras seja coroado campeão. Estando na liderança isolada do campeonato desde a 19ª rodada, é improvável que nos jogos contra o 5º classificado, Botafogo, em casa (c), o 10º, Chapecoense, fora (f), e o 16º, Vitória (f), o verdão venha a perder mais de 3 pontos para o Santos, que enfrentará o 11º, Cruzeiro (f), o 3º, Flamengo (f), e o 20º, América-MG (c), ou para o Flamengo, contra o 14º, Coritiba (c), o 2º, Santos (c), e o 6º, Atlético-PR (f).

Matemática do G3 quase fechada
Naturalmente, Santos e Flamengo continuarão na briga até onde a matemática permitir, mas esses dois clubes terão também de se preocupar em manter as suas posições no G3, para garantirem, como prêmio de consolação, o acesso direto à fase de grupos da Copa Libertadores da América. Já sem a matemática para lutar pelo título, o Atlético Mineiro (61 pontos) pode ainda chegar ao G3, via campeonato, mas será muito dificil sair do 4º lugar. Mesmo assim, ainda existe uma possibilidade de acesso direto à fase de grupos da Libertadores. É pela Copa do Brasil. Basta vencer a final, a duas mãos, marcada para 23 e 30 de novembro, contra o Grêmio. 

E o G6 poderá dar em... G7
São quatro as vagas diretas para a fase de grupos da Libertadores. Três pela via G3 do Brasileirão e uma pela Copa do Brasil, atribuída apenas ao campeão. O Grêmio, que também lutou pelo título durante algum tempo, é hoje apenas o 8º classificado com 50 pontos. Portanto, estaria fora do G6 que dá acesso às fases preliminares da Libertadores. Neste momento, Botafogo (55) e Atlético-PR (52) são os outros clubes que, juntamente com o Atlético-MG, integram o G6, deixando tudo o resto na chamada água de salsicha, que não dá direito a nada. Mas a vitória do Galo na final da Copa do Brasil abriria outra vaga na Libertadores. Seria um... G7!

Final da Copa do Brasil ou da... Carol?   
Portanto, o Grêmio x Atlético-MG vale a definição de duas vagas na Libertadores 2017. Mas de momento ninguém quer saber quem estará a correr atrás da bola para trazer a taça. É que só se fala da filha do técnico do Grêmio. No fim do jogo que garantiu a qualificação, ela entrou em campo toda feliz para abraçar o pai, tirar umas selfies e comemorar. O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) é que não gostou mesmo nada, achando que a menina quis se promover à custa do futebol, e decidiu punir o Grêmio. Engraçado porque se não fosse o STJD muitos nem saberiam que a filha de Renato Gaúcho é uma tal Carol. E olhem que é bonitinha a guria!

E os colorados... nem aí!
Mas tem uma comunidade que está pouco interessada em saber se a Carol Portaluppi é bonita ou não, se o mundo fala mais dela hoje que ontem ou até que o STJD puniu o Grêmio com multa de 30 mil reais e interditou o seu estádio para a final da Copa do Brasil. Sim, são os rivais colorados que não entendem como se pode falar de tantas coisas banais num planeta com problemas graves por resolver e que pior ficaria se o Internacional caísse para a 2ª divisão. E a verdade é que há muito tempo o Inter não consegue sair lá de baixo. O desespero é tão grande que fez nova troca de técnicos a 3 rodadas do final. Desta vez o milagreiro salvador é um tal de Lisca.

Final da Copa do Brasil: Papai, vai uma selfie? Mundo, eu sou a Carol! (Foto: Globoesporte)

05 outubro 2016

Brasileirão 2016: Faltam 10 jogos!

Palmeiras campeão? Flamengo? Atlético Mineiro?

O campeão será... verdão?
No 1º turno, o campeão foi o Palmeiras, com 36 pontos, logo seguido por Grêmio (35), Atlético Mineiro (35), Corinthians (34), Flamengo (34) e Santos (33). Portanto, eram seis os clubes que, à 19ª rodada, mostravam capacidade para estar no topo da tabela. Quase dois meses depois, quando já só faltam 10 jogos para terminar o Brasileirão, o primeiro classificado é o... Palmeiras, com 57 pontos! Apetece dizer que as habilidades do mestre-Cuca têm sido muito bem aproveitadas para lançar o "verdão" no caminho certo rumo ao título. Realmente, o técnico Alexi Stival, mais conhecido por Cuca, tem feito um ótimo trabalho em apenas 6 meses e alguns dias de clube. Ele busca o seu primeiro título brasileiro num Palmeiras que amarga uma seca violenta de... 21 anos. Sim, foi em 1994 a última vez que um palmeirense gritou "é campeão"! E agora o sonho está cada vez mais próximo da realidade, embora o pesadelo também não esteja longe. Dois outros clubes partilham do mesmo sonho: Flamengo, com 54 pontos, e Atlético Mineiro, 52.

E se não fossem as seleções, o campeão seria... peixe?
O Santos também tem direito a sonhar, mas estando já a 9 pontos do líder, o melhor é pensar em objetivos mais realistas. A verdade é que o "peixe" foi muito prejudicado por esta coisa incrível de se jogar o campeonato juntamente com as seleções. Primeiro, ficou cerca de 20 dias sem três dos seus melhores jogadores, convocados para a Copa América - a dupla atacante, Ricardo Oliveira e Gabriel Barbosa, e ainda o maestro do meio campo, Lucas Lima. É certo que Ricardo Oliveira se lesionou antes e não pôde jogar pelo Brasil, mas dá no mesmo. Depois, veio a olimpíada, no Rio, e foram mais de 30 dias sem outros três jogadores - novamente Gabriel, o Gabigol, e ainda Zeca e Thiago Maia. Para piorar a situação, depois de conquistar a medalha de ouro, Gabigol desembarcou em Milão, vendido à Internazionale. Quer dizer, só um milagreiro como o técnico Dorival Júnior para conseguir manter o Santos ainda com o sonho do título. Agora imaginem esse time na máxima força desde o início. Com toda a certeza teria mais pontos.

Um campeão... interino?
O caso do Flamengo é curioso. Começou o campeonato debaixo de muitas críticas, pelo fraco desempenho no campeonato carioca, e o nervosismo só não foi pior porque o técnico era Muricy Ramalho, contratado quatro meses antes para iniciar um projeto que envolveria até os escalões de base. Mas por motivos de saúde, Muricy foi obrigado a encerrar a sua gloriosa carreira de técnico, deixando o time com o interino Jayme de Almeida logo na 2ª rodada. Uma semana depois seria chamado outro interino, desta vez o novato Zé Ricardo, técnico da base e campeão da última edição da Copa São Paulo, assim lançado às feras pela diretoria numa de esperar pra ver no que dava. E o Zé foi... sobrevivendo... enquanto o Mengão ia mordendo os calcanhares do G4... sobrevivendo... enquanto o Mengão entrava de vez no G4... e o Zé... efetivado técnico principal... punha o Mengão definitivamente na luta pelo título, 2º classificado desde a 22ª rodada, sempre mordendo os calcanhares do Palmeiras, na liderança desde a 19ª rodada.

Sonho perdido é sonho ganho é sonho perdido é sonho... de campeão
E o Atlético Mineiro? Está a 5 pontos do líder, mas ainda tudo pode acontecer. Sem falar que Palmeiras e Flamengo terão de se deslocar ao Mineirão, em Belo Horizonte, para uma visita nada agradável ao "Galo". E a verdade é que este Atlético tem talvez o melhor plantel de todos os 20 clubes do campeonato. Só a dupla atacante formada por Robinho e Fred já serve para deixar qualquer defesa de cabelo em pé. Dá gosto ver este Robinho jogar, assim sem pedaladas mas super inteligente nas combinações com Fred. E quando os dois não estão nos melhores dias aparecem outros, como Lucas Pratto, colega de Lionel Messi no ataque da seleção argentina, e Cazares, um colombiano muito bom de bola. No comando está Marcelo de Oliveira, técnico chegado ao "Galo" depois de ser demitido do Palmeiras, antes bicampeão brasileiro pelo Cruzeiro, hoje em busca de novo título no outro rival de... Minas. E se, no início do ano, lhe foi tirado o sonho de ser campeão pelo Palmeiras, no final, poderá ser ele a tirar o sonho de campeão ao... Palmeiras.

Bobinhos, quem falou em G4? É... G6!
Ao fim de 28 rodadas do campeonato, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) anunciou que afinal o G4 não é G4. São 20 clubes! Disso ninguém duvida. E todos sabem desde o início que os quatro primeiros classificados têm acesso garantido na Copa Libertadores da América. Aliás, se fosse hoje, os contemplados seriam Palmeiras (1º lugar), Flamengo (2º), Atlético Mineiro (3º) e Santos (4º). Infelizmente, nem todos podem entrar no G4. Assim, com muita pena, de fora estariam Fluminense, 5º (46 pontos), Atlético Paranaense, 6º (42), Corinthians, 7º (41), Botafogo, 8º (41), Grêmio, 9º (40) e Ponte Preta, 10º (39). Mas... não, G4 não existe! A CBF nunca falou em G4! Que clubes bobos, que surdos! O 5º classificado também cabe na Libertadores. É o Fluminense o 5º? Então, se fosse hoje, o Fluminense estaria dentro. E... surpresa! O 6º classificado também cabe na Libertadores. É o Atlético Paranaense o 6º? Parabéns! Se fosse hoje, o Atlético do Paraná também estaria dentro. A CBF já falou e tá falado: G4 é... G6!

A triste passagem do G4 para fora do... G6
Mesmo assim, Corinthians e Grêmio, antes candidatos ao título, hoje estariam longe da Libertadores. Não estariam nem no G6! E esses dois clubes até terminaram o 1º turno, confortavelmente, no G4. O Grêmio era 2º classificado, a 1 ponto do líder, e hoje, 9 jogos depois, é 9º, a 17 pontos; o Corinthians era 4º, a 2 pontos do líder, e hoje é 7º, a 16 pontos de distância do Palmeiras. Os gremistas, como não podia deixar de ser, já trocaram de técnico. Roger Machado, que iniciara o campeonato como o 3º técnico mais antigo, embora com apenas 11 meses de clube, atrás de Tite (1 ano e 5 meses), do Corinthians, e de Givanildo Oliveira (1 ano e 8 meses), do América Mineiro, acabou saindo, para dar o lugar a Renato Gaúcho, vicecampeão com o Grêmio em 2013. Demissão anunciada era a de Cristóvão Borges, do Corinthians. Contratado com a difícil tarefa de substituir Tite, foi hostilizado desde o início pela torcida "fiel" sem paciência. E ele até durou muito, 3 meses, até ser substituído pelo interino Fábio Carille. Mas, será mesmo um interino?

Um interino pode ir levando até (não) aparecer... alguém
Com tantas demissões de técnicos, a vez é dos interinos. Os dirigentes apostam neles mas também não se comprometem. Com a demissão de Cristóvão Borges, o presidente do Corinthians, Roberto de Andrade, anunciou Fábio Carille até final da época. Mas depois corrigiu, dizendo que era para Carille "ir levando" até aparecer alguém. Engraçado porque no Flamengo não foi diferente. Só que lá o interino Zé Ricardo foi levando muito bem e não deu chance de aparecer alguém. Já Carille, embora tenha se aguentado bem na Copa do Brasil, leva dois jogos e duas derrotas no campeonato. A "fiel" torcida sem paciência não vai suportar uma terceira derrota. Quem também apostou num interino foi o Botafogo e se deu muito bem. Quando ficou sem Ricardo Gomes, o Botafogo era 16º classificado com 20 pontos, 2 a mais que o 17º ou o 1º da zona de rebaixamento. Veio o interino Jair Ventura e hoje, 10 rodadas depois, o Botafogo é 8º, a 7 pontos do G4 e a 1 apenas do G6. Sem dúvida, Jair Ventura levou muito bem e até já nem é mais interino.

E se da água de salsicha viesse mais algum G... qualquer coisa? 
Quem continua a sua queda vertiginosa rumo ao precipício é o Internacional. Depois de ter liderado o campeonato na 5ª, 7ª e 8ª rodadas, terminou o 1º turno em 14º, 1 ponto a mais que o 1º da zona de rebaixamento, e agora, 9 jogos depois, entrou lá de vez. É o atual 18º com 30 pontos, acima de América Mineiro (21) e Santa Cruz (23), abaixo de Figueirense (31). Curiosamente, o 16º é o Cruzeiro, com 33 pontos. A troca do português Paulo Bento por Mano Menezes permitiu ao Cruzeiro respirar melhor na chamada água de salsicha, mas ainda não conseguiu libertar-se em definitivo de uma possível queda para a Série B. Aliás, por falar em água de salsicha, onde alguns clubes grandes estão e cujo marasmo pareciam querer ficar até ao regresso do campeonato de 2017, a verdade é que já ninguém deve parar de sonhar com a... Libertadores. Quem pode ter a certeza de que não virá um... G14 para o São Paulo entrar, um... G16 para o Cruzeiro ou um... G18 para o Internacional? Calma, muita calma nessa hora! G18 já nem faz parte da... água de salsicha.  
  
G4 que dá acesso à Copa Libertadores da América, G6 também... 

10 setembro 2016

Mourinho x Guardiola: 9ª temporada, 1º episódio


Dois técnicos... de futebol
São dois técnicos de futebol. Estão, os dois, entre os melhores do mundo de todos os tempos. Um é José Mourinho, português, de 53 anos, campeão no Futebol Clube do Porto, Chelsea, Internazionale de Milão e Real Madrid. O outro é Pep Guardiola, espanhol, de 45 anos, campeão no Barcelona e Bayern de Münich. Mourinho tem 23 títulos, ganhos em Portugal, Inglaterra, Itália e Espanha. Guardiola tem 21 títulos, ganhos em Espanha e Alemanha. Quando criança, José queria ser goleiro e se a bola chegasse perto da sua área ele brigava muito com os companheiros. Já Pep era o dono da bola e também brigava muito com os companheiros, mas por querer ficar sempre junto dela. Os dois só pensam em vencer e a tática é o seu mundo; o coletivo, sua obsessão. Mourinho é mais pragmático, enquanto que Guardiola, mais romântico. Os dois são... geniais!  


Duelo... de Titãs
Quando os dois técnicos se encontram, como adversários, tudo pode acontecer. Jornais e televisões de todo o mundo noticiam o embate de titãs com grandes títulos e infindáveis reportagens. Pouco importam os clubes e os jogadores desses clubes. O que chama a atenção mesmo é precisamente o confronto entre os técnicos. Depois, lá dentro, as quatro linhas se transformam numa arena... de futebol... mas também de alta tensão, com os nervos à flor da pele, "mimos" entre jogadores, um a querer "educar" o outro com um simples... chega pra lá... toma lá se você é homem... vem... vem levar... porrada! E é sempre assim que termina... com porrada! As áreas técnicas, onde ficam dirigentes, jogadores reservas e técnicos... o fogo se alastra... pelas bancadas, o público se inflama... o jogo é... Mourinho x Guardiola... ou... Guardiola x Mourinho.


5ª Temporada, 4º episódio: O jogo das trincheiras
Jogo épico nas semi-finais da Liga dos Campeões da Europa, em Barcelona. Era um Barcelona x Internazionale, o 4º confronto Guardiola x Mourinho da época 2009/2010. Em Milão, Mourinho 3x1 Guardiola. Pep tinha sido campeão europeu na época anterior e queria a segunda final. José já tinha sido campeão europeu antes e queria também a segunda final. Dentro do campo, foi uma batalha nunca vista no mundo, uma batalha de futebol... de 11 contra 10! Mourinho perdeu um jogador, expulso, mas nem se importou. Nem quis saber da bola para nada. As suas peças pareciam soldados, em trincheiras, resistindo... resistindo... contra um intenso bombardeio. Guardiola foi o dono da bola e atacou, em fúria... atacou... para matar! Ao fim dos 90 minutos, Guardiola 1x0 Mourinho, mas quem seguiu em frente foi José, para ser... Campeão da Europa.


6ª Temporada, 1º episódio: A humilhação
A época 2009/2010 foi inesquecível para Mourinho. Ele venceu tudo pela Internazionale de Milão, o primeiro triplete - Campeonato italiano, Copa de Itália e Liga dos Campeões - da história de um clube italiano. Por isso, resolveu procurar novos desafios. E desembarcou em Espanha, para treinar um Real Madrid subjugado a papel secundário pelo grande rival Barcelona, de... Guardiola. E o primeiro embate entre os dois foi precisamente em Camp Nou, para o campeonato espanhol. O mundo aguardava impaciente, porque já não era só Guardiola x Mourinho. Tinha também Messi x Cristiano Ronaldo, os dois melhores do mundo. E foi de novo um jogo quente, com muitos gols, "mimos" entre jogadores, expulsões e... um banho de bola! Pep, simplesmente, humilhou José, de uma forma inimaginável. Guardiola 5x0 Mourinho.


6ª Temporada, 3º episódio: Por quê? Por quê?
Foi uma loucura! Em menos de 3 semanas, o mundo pôde assistir a... 4 embates entre Mourinho e Guardiola - um para o campeonato espanhol, outro referente à final da Copa do Rei e dois pela semi-final da Liga dos Campeões. O primeiro jogo, em Madrid, foi só um aperitivo, porque o campeonato já estava praticamente entregue ao Barcelona. Mas a final da Copa do Rei parou o mundo. E foram necessários 120 minutos para se encontrar um vencedor. Por fim, Guardiola 0x1 Mourinho, e Cristiano Ronaldo, o rei. Poucos dias depois, o rei foi Messi, ao desmontar o Real Madrid com 2 gols. Assim, Mourinho 0x2 Guardiola. José ficou passado da cabeça e não se cansou de perguntar... por quê? Por quê mais um jogador expulso? O 2º jogo da Liga dos Campeões serviu apenas para Guardiola carimbar o passaporte rumo à final e ser... Campeão da Europa.


7ª Temporada, 6º episódio: Campeão nota 100
Guardiola não se cansava de ganhar. Campeão europeu pela segunda vez, terminou a época 2010/2011 como tricampeão espanhol. E já começou logo arrasador na nova temporada, vencendo a Supertaça europeia e a Supertaça de Espanha, para fechar 2011 em beleza, com a vitória no Mundial de clubes. Novamente, foi uma loucura de jogos Barcelona x Real Madrid, Guardiola x Mourinho e Messi x Cristiano Ronaldo. Mas Pep foi perdendo força. Ainda venceu a Copa do Rei, mas ficou para trás no campeonato, restando uma pequena esperança de entrar na luta pelo primeiro lugar ao 6º e último embate da época, em Barcelona. Aí, acabou num Guardiola 1x2 Mourinho e a passadeira vermelha do título para o Real Madrid. Assim, Mourinho era finalmente campeão espanhol e ainda batia dois recordes importantes: mais pontos, 100, e mais gols, 121.


Tão amigos que eles eram!
Alguém pode não acreditar, mas Guardiola e Mourinho nem sempre foram inimigos. Aliás, eram grandes amigos. Os dois trabalharam juntos em Barcelona, entre 1996 a 2000. Pep era um médio de grande categoria, prata da casa desde os 13 anos, lançado por Johan Cruiff na equipa principal, com 19. José foi levado para Barcelona em 1996/1997, como tradutor-assistente do técnico inglês Bobby Robson. Foi precisamente assim que Mourinho começou a sua carreira no futebol ao mais alto nível, como tradutor de inglês e assistente. Robson saiu do clube um anos depois, mas o seu substituto, o holandês Louis van Gaal, não abdicou do Mourinho, técnico-adjunto. Ele só sairia de Barcelona em 2000, para ser técnico principal do Benfica. Já Guardiola, ainda jogou alguns anos fora de Espanha, regressando a Barcelona em 2007, para treinar a equipa B.


Para inglês ver
Esta temporada, Mourinho e Guardiola estão juntos novamente, mas em... Inglaterra. E para mostrar ao mundo que podem conviver de novo na mesma cidade, ambos escolheram Manchester para viver. José no Manchester United e Pep no Manchester City. Mourinho é um velho conhecido dos ingleses, é o Special One. Já Guardiola é um estreante, embora não seja novidade nem para Sua Majestade, a rainha Isabel II, que ele só está feliz quando tem o domínio do jogo. E o que mais poderão ver os ingleses? Logo ficarão a saber que Pep não se contenta apenas em vencer. Ele quererá também fazer de Zorro, deixando um 'z' na cara dos adversários, ou melhor, um 'tt', de tiki-taka, para eles nunca se esquecerem dessa marca, de quem é o dono da bola. Já Mourinho, prefere jogar com a bola dos outros e esperar, até desferir o golpe certeiro no oponente, o... game over.

Derby  Mourinho x Guardiola, hoje, em Manchester (Foto: Veja)

07 setembro 2016

A espetacular estreia de Tite como técnico da seleção brasileira


Vencendo antes de começar
A primeira grande vitória de Tite como técnico da seleção brasileira foi não ter caído na tentação de dirigir também a seleção olímpica no Rio 2016, sabendo que a medalha de ouro seria até fácil de alcançar, devido ao pouco interesse dos adversários nessa conquista. Rivais como Argentina, os europeus e também os africanos estavam com seleções remendadas, sem estrelas, ao contrário do Brasil que tinha Neymar. O curioso é que o técnico anterior, Dunga, preferiu levar uma seleção remendada para a Copa América, sem Neymar, achando que, dois meses depois, estaria em condições de atacar o ouro com... Neymar. O Barcelona só liberava a sua estrela para uma competição apenas. Duas não! E se o Brasil teve Neymar no Rio, já não teve... Dunga, demitido após a Copa América, pelo fraco desempenho dos seus jogadores. Tite assumiu, mas preferiu deixar os olímpicos sob o comando de um técnico... olímpico. 

Começar vencendo e logo em jogos oficiais
Foram logo dois jogos oficiais e, ainda por cima, de qualificação para o Mundial de 2018, na Rússia. Tite não teve amistosos para aquecer a máquina e fazer experiências. Quando pegou na seleção muito mal das pernas, com 9 pontos em 6 jogos, num desprestigiante 6º lugar para as eliminatórias da Copa, classificação que não dava direito nem a repescagem, sabia que poderia levá-la ainda mais fundo nesse precipício, lá na altitude de Quito, contra o Equador, que estava em 2º com 13 pontos. Portanto, era uma estreia de alto risco! Depois dessa  prova de fogo, seria a vez de enfrentar, em Manaus, uma Colômbia sempre recheada de bons jogadores, também ela acima na classificação para a Copa, em 5º com 10 pontos. O melhor técnico brasileiro do momento sabia que a sua competência estaria em causa logo no imediato se desses dois jogos não viessem bons resultados. Mas vieram. E foram duas vitórias! Com o Equador, 3-0, e com a Colômbia, 2-1.

Vitória da competência e da inteligência
Resultado? Desde já, o 2º lugar nas eliminatórias da Copa com 15 pontos. Mas se Tite levou para a seleção aquela estrela de campeão que tinha no seu clube, também é verdade que foi preciso muita competência como técnico e inteligência como gestor para sair desses jogos com o mesmo prestígio. Primeiro, desvalorizou a questão da braçadeira de capitão que, antes, era de um despreparado Neymar. Dividiu a responsabilidade entre os jogadores e deixou Neymar livre para, apenas, jogar... futebol. Outro fator positivo foi a chamada de alguns jogadores olímpicos para a seleção principal, deixando o ambiente mais... vitorioso e dourado. No meio-campo juntou Renato Augusto e Paulinho, dois homens de confiança em épocas passadas no Corinthians. A dupla funcionou bem, mas essa é uma aposta de risco porque a rotação deles é diferente, é... da China. Depois, Tite deu à seleção aquilo que ele é muito bom: organização tática. 

Tite, no treino, organizando a seleção taticamente (Foto: Hoje em Dia) 

21 agosto 2016

O futebol do Brasil já é de Ouro!


Finalmente... a medalha de ouro!
Foi sofrido, mas não importa. Depois de inúmeras tentativas frustradas, do trauma da prata e do bronze, da obsessão por um metal mais nobre, o Brasil finalmente alcançou o ouro olímpico no futebol. Romário, Bebeto, Ronaldo o fenômeno, Rivaldo, Ronaldinho Gaúcho, Roberto Carlos e tantos outros craques tentaram e não conseguiram. Los Angeles 1984 (medalha de prata), Seul 1988 (prata) Atlanta 1996 (bronze), Pequim 2008 (bronze) e Londres 2012 (prata) testemunharam tais pesadelos. Esta era a segunda vez de Neymar, ele que já tinha a prata. Agora, no Rio de Janeiro, conseguiu o ouro!  

E foi contra a... Alemanha!
Sim, foi contra o pesadelo... Alemanha! Não era a mesma dos 7-1 na Copa de 2014, mas não importa. O certo é que o Brasil é ouro e a Alemanha prata! Também não faltou emoção, porque 120 minutos foram insuficientes para se chegar a um vencedor. Depois de uma prorrogação desgastante, vieram os pênaltis, com os jogadores já sem pernas. E se em 1950 o Maracanã foi o cenário de uma tragédia, com aquela final da Copa do Mundo perdida para o Uruguai, a mesma que serviu para crucificar o goleiro Barbosa, desta vez um goleiro foi decisivo. Weverton foi herói ao defender um pênalti. 

Com um técnico... desconhecido!
A obsessão pelo ouro também subiu à cabeça dos técnicos da seleção principal. Já estavam no topo da carreira, mas queriam ser os primeiros a ouvir o hino do Brasil no degrau mais alto do pódio. Assim, coube a Mário Zagallo a primeira tentativa, em Atlanta. Um técnico campeão do mundo! Mas ele fracassou, assim como fracassaram Vanderlei Luxemburgo, Dunga e Mano Menezes. E seria Dunga novamente a comandar a seleção olímpica se, à última hora, não tivesse perdido o emprego para o técnico que até tinha conseguido a qualificação. Um desconhecido Rogério Micale... medalha de ouro!

E os medalhados de ouro são...
Weverton (Atlético-PR), Uilson (Atlético-MG), Marquinhos (PSG), Luan Garcia (Vasco da Gama), Rodrigo Caio (São Paulo), William (Inter), Zeca (Santos), Douglas Santos (Atlético-MG), Walace (Grêmio), Rodrigo Dourado (Inter), Thiago Maia (Santos), Renato Augusto (Beijing Guoan), Felipe Anderson (Lazio), Rafinha (Barcelona), Neymar (Barcelona), Luan (Grêmio), Gabriel Barbosa (Santos) e Gabriel Jesus (Palmeiras) são os 18 atletas que entram para a história do futebol brasileiro como os primeiros a conquistar a medalha de ouro numa olimpíada. Foi em 2016, no Rio de Janeiro.

17 agosto 2016

Brasileirão 2016: balanço do 1º turno

Brasileirão 2016: um destes 6 clubes será o campeão

E o campeão do 1º turno é... o Palmeiras!
O Palmeiras tem sido realmente a melhor equipe. E pelo que mostrou até aqui, vai lutar até ao fim por um título que não vence desde 1994, há mais de 20 anos! Mas se no início do campeonato foi difícil dizer com certeza quais os candidatos ao título do Brasileirão, agora, ao fim dos 19 jogos do primeiro turno, parece que, além do Palmeiras (36 pontos), outros 5 clubes estarão também na briga: Grêmio de Portalegre (35), Atlético Mineiro (35), Corinthians (34), Flamengo (34) e Santos (33).

Surpresas e deceções
As grandes surpresas são Atlético Paranaense (30 pontos) e Ponte Preta (27), que poderão até pensar em uma vaga na Libertadores. Fluminense (28) e São Paulo (26) completam o grupo dos 10 primeiros. Grande deceção tem sido o Cruzeiro (19), lá na zona de rebaixamento, entre o 17º e o 20º, com Figueirense (21), Santa Cruz (18) e América Mineiro (13). O Internacional é um caso de estudo. Foi 1º nas rodadas 5, 7 e 8, para depois cair a pique, até ao 14º, com 22 pontos em 19 jogos.

Dança de técnicos em Portalegre
Mas o Internacional foi também o clube que mais trocou de técnicos. Começou com Argel Fucks, contratado ao Figueirense no campeonato de 2015; passou para Paulo Roberto Falcão, histórico jogador que liderou os colorados no seu último título, há 36 anos, mas agora, incapaz de convencer os atuais dirigentes a não demiti-lo após 5 jogos como técnico; e segue com Celso Roth, para tentar deixar o clube o mais longe possível do 17º lugar, hoje ocupado pelo Figueirense de... Argel Fucks.

Dança de técnicos portugueses em Belo Horizonte
Outro clube que já vai no 3º técnico é o América Mineiro. Começou com o herói da subida de divisão, Givanildo Oliveira, mudou para o português Sérgio Vieira, demitido um mês depois, e caminha ladeira abaixo para a série B, com Ederson Moreira. O Cruzeiro de Belo Horizonte trouxe também um português, Paulo Bento, que começou a trabalhar na 2ª rodada e, dois meses depois, foi trocado por Mano Menezes, vindo a correr sem terminar as férias no Caribe, após ser demitido na China.

Dança de técnicos dos clubes para as seleções
Mas houve técnicos que saíram dos seus clubes de livre e espontânea vontade. Tite, o campeão pelo Corinthians, recebeu um convite para dirigir a seleção brasileira e disse sim. Era um sonho assumido. Mas o São Paulo também perdeu o seu técnico para uma seleção. Aliás, se no decorrer do campeonato passado os tricolores já tinham enviado o técnico colombiano Juan Carlos Osorio para servir a seleção do México, desta vez enviaram o argentino Edgardo Bauza para servir... a Argentina.

Um campeonato mais... portunhol
O campeonato brasileiro está cada vez mais... espanhol. Se no ano passado já se tinham destacado alguns bons jogadores sul-americanos, como os argentinos Pratto e Dátolo do Atlético-MG, o uruguaio Arrascaeta do Cruzeiro, o peruano Guerrero do Flamengo ou o paraguaio Barrios do Palmeiras, este ano chegaram muitos mais. Vieram mais da Argentina para o Flamengo (Federico Mancuello), o Cruzeiro (Lucas Romero)... da Colômbia para o Atlético-MG (Juan Cazares), o Palmeiras (Yerry Mina)...        

E a seleção olímpica... atrapalhando
Na maior parte do mundo os campeonatos param quando as seleções jogam. Mas no Brasil não! A própria gestora do campeonato, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), é a primeira a desprezar os clubes e a indústria que deveria valorizar. Com os jogos cada vez mais interessantes, a CBF tirou jogadores do Santos (3), do Atlético-MG (2), do Grêmio (2), do Palmeiras (2), do Internacional (2)... e levou para a seleção olímpica. Quando o Inter caiu de 1º para 14º, a culpa foi só... dos técnicos. 

Os clubes... tadinhos!
A CBF manda e desmanda! Os clubes, coitadinhos, obedecem a tudo, porque morrem de medo. O engraçado é que a própria CBF tem um presidente que não sai do Brasil, porque tem medo de ser... preso. E a Interpol (Organização Internacional de Polícia Criminal) lá fora, esperando. O incrível é que tudo parece normal. Muitos até reclamam. Os clubes é que não! Desses, tadinhos, não se ouve uma única voz de desagrado, quanto mais de indignação contra os podres do futebol brasileiro. Por que será?   

E os jogadores com medo... dos torcedores
Se os dirigentes dos clubes têm medo da CBF, os jogadores começam a ter medo dos torcedores que, de vez em quando, resolvem invadir os Centros de Treinamento (CT) para exigir explicações sobre alguns resultados menos bons. É caricato e absurdo, mas cenas assim já são muito frequentes no Brasil. Este ano, aconteceram tais invasões nos CTs de Palmeiras, Flamengo, Corinthians, Botafogo, Cruzeiro... e os jogadores a ter de explicar que um jogo pode resultar em... vitória, empate ou derrota.

Boa safra de jovens centro-avantes... olímpicos
Com medo ou sem medo, são os jogadores que fazem o espetáculo. E sempre vão aparecendo novos craques a cada nova edição do campeonato. O que chama a atenção é a boa safra de jovens centro-avantes que vão surgindo no Brasil, uma posição bem carente nos últimos anos. Luan (Grêmio), 23 anos, Gabriel Barbosa (Santos), 19, e Gabriel Jesus (Palmeiras), 19, são atacantes para muitos gols, mas não no Brasileirão. De momento, vão balançando as redes nas... Olimpíadas.

 
Do Brasileirão para as seleções: Tite (Brasil); Edgardo Bauza (Argentina)

04 agosto 2016

Rio 2016: O futebol do Brasil e a obsessão pela medalha de ouro


"Sele-Inter"... de prata
A primeira medalha olímpica do futebol brasileiro aconteceu em 1984. Mas ninguém queria saber dessa besteira. O que contava mesmo era a Copa do Mundo, num país ainda chocado com a tragédia de 1982, quando a orquestra de Zico, Falcão, Sócrates e Cia. produziu um espetáculo divinal, um tipo de futebol-arte que os deuses, boquiabertos, fizeram questão de eternizar, não com a vitória final, mas com a... derrota, num palco espanhol de nome Sarrià. Por isso, ainda sem entender tão cruel destino, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) pegou num grupo de rapazes do Internacional de Porto Alegre, juntou mais dois ou três gatos-pingados de outros clubes, e enviou para Los Angeles, a sede desses Jogos Olímpicos. O povo, querendo recuperar o bom humor, batizou aquele grupo de "Sele-Inter", que até acabaria por alcançar a prata. Entre os medalhados, um tal Dunga ainda voltaria aos Estados Unidos, 10 anos depois, para levantar a taça de campeão mundial como capitão da seleção brasileira.  

Um tetracampeão do mundo... sem ouro
Taffarel, Jorginho, Mazinho, Bebeto e Romário, também campeões do mundo 1994, já tinham participado nos Jogos Olímpicos de 1988, em Seul, na Coreia, e conquistado nova medalha para o Brasil, mas ainda... de prata. Aí, começou a discussão. O único país tetracampeão do mundo em futebol nunca tinha vencido uma olimpíada, a medalha de Ouro? Grã-Bretanha tinha 3 de ouro; Uruguai, 2; Itália, 1; Alemanha do lado de lá do muro de Berlim, 1; Brasil... zero! Que palhaçada era essa? O pior é que nos Jogos Olímpicos de 1992, o Brasil nem esteve presente, eliminado no torneio de qualificação. E que olimpíada foi aquela em que só deu basquetebol? Os Estados Unidos da América tinham deixado os universitários em casa e soltaram as estrelas da NBA (National Basketball Association) para alguns espetáculos em Barcelona. O Dream Team não só conquistou o ouro como divertiu o mundo. Encantado, o Brasil, quis logo recuperar o tempo perdido e resolveu montar também o seu Dream Team... do futebol.

Dream Team do futebol... de bronze
E nada melhor que uma cidade norte-americana para dar a conhecer ao mundo essa nova versão do Dream Team do futebol. E se, em 1992, Barcelona viu Michael Jordan e Magic Johnson, em 1996, Atlanta veria apenas e só os dois melhores jogadores do mundo do futuro: Ronaldinho, o fenômeno, e Rivaldo, o mago das pernas arqueadas. E seriam estes, mais outro Ronaldinho, o Gaúcho, também ele futuro melhor do mundo, que levariam o Brasil à conquista do pentacampeonato, em 2002, na Copa do Mundo da Coreia/Japão. Mas voltando aos Jogos Olímpicos de 96, Atlanta vibrou, realmente, com o futebol e viu o Brasil no pódio, com a medalha... de bronze. Era inacreditável! O futebol brasileiro continuava sem a medalha de ouro. O que deveria acontecer com naturalidade, acabou em... obsessão! Logo a seguir, viriam os pesadelos de Sidney 2000 e o Brasil... sem qualquer medalha; Atenas 2004 e o Brasil... nem foi; Pequim 2008, Brasil... medalha de bronze; Londres 2012, Brasil... medalha de prata. Ouro... zero!

Da tragédia ao... ouro?
Chegou a vez do Rio 2016! Desde Los Angeles 84, o ouro olímpico viajou para França, ex-União Soviética, Espanha, Nigéria, Camarões, México e, pior de tudo... Argentina, 2 vezes. Agora, mais um cenário para o fim dessa maldição - a cidade maravilhosa e o Cristo Redentor como testemunha. Os tempos são outros. O futebol olímpico perdeu interesse e as outras seleções já acham tudo uma grande chatice. E que ironia! Se antes era o Brasil que não se importava com nada, agora os outros é que não querem saber. Da Europa chegam apenas jogadores sem expressão. Da África também não se vislumbra nada parecido com os craques de outrora. Assim, no caminho do Brasil, talvez só reste como adversário perigoso uma Argentina... sem estrelas. Já o Brasil terá Neymar, o melhor do mundo no futuro. O problema é o presente. Só mesmo a Medalha de Ouro para fazer esquecer os 7-1 naquela tragédia do Mineirão, na Copa de 2014. Felizmente, a final do Rio 2016 será no Maracanã. Mas não foi lá a tragédia da Copa de 1950?

Rio 2016: Países participantes na prova de futebol: 16; Medalha de ouro: 1 (Brasil???)

02 agosto 2016

Era uma vez um português no Cruzeiro


Um português, 2... portugueses!
O projeto era muito lindo. Um técnico europeu no Cruzeiro! Mas, um contrato de 2 anos? Aí já não dava para acreditar! O certo é que, em maio, o português Paulo Bento chegou para comandar um dos principais clubes do Brasil. Em julho já estava de regresso a Portugal, demitido. Ficou apenas 2... meses! Mas de uma coisa ele não pode se queixar. Os dirigentes do Cruzeiro cumpriram com os números do contrato. Se ficou 2 meses, saiu com uma recompensa de 2 milhões de euros. E ainda viu o clube rival, América Mineiro, trazer também um português, o Sérgio Vieira, embora demitido um mês depois. A verdade é que 2 clubes da mesma cidade tiveram 2 técnicos... portugueses. Já quanto a questões de contratos, se estava escrito 2 anos e não 2 meses, é sabido que no futebol brasileiro contam mais os números que as letras. Bem, "de letra" só os gols!  

O Cruzeiro e os mega-mini-projetos de longa-curta duração
Ai os projetos lindos do futebol brasileiro! Este de 2 meses, com Paulo Bento, foi apenas a sequência de outro mega-projeto lindo de... 4 meses... com Deivid Souza, que pegou no projeto lindo de... 3 meses... deixado por Mano Menezes, que já tinha herdado um outro projeto lindo de... 3 meses... de Vanderlei Luxemburgo, chamado de urgência para dar uma forcinha no projeto lindo de Marcelo Oliveira, demitido no campeonato passado com apenas... 4 rodadas. Portanto, esse mega-projeto lindo já conta com... 5 rostos... em 1 ano e 2 meses. O 6º comandante deste projeto mega-lindo é, de novo... Mano Menezes, que deixou o Cruzeiro no 8º lugar, em 2015, para regressar agora, em 2016, com o clube em penúltimo. Mas é muito justo, porque ele mesmo deixou o Shandong Luneng em... penúltimo lugar, no campeonato... chinês!

Brasileirão ou um campeonato ítalo-franco-luso-hispânico?
E que experiência leva o técnico português desta curta passagem pelo futebol brasileiro? Pelo menos, a certeza de que técnico no Brasil tem de fazer milagres para ser... treinador. As longas viagens devem ter sido igualmente estranhas. Muitas e longas viagens! Num domingo, o Cruzeiro poderia ter de jogar em Recife, Pernambuco, e no domingo seguinte, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, depois de já ter atuado no meio da semana em Belo Horizonte, Minas Gerais. Seria a mesma coisa um campeonato português em que o Sporting, seu ex-clube, tivesse de jogar em Milão, na Itália; Lisboa, em Portugal; e Marselha, na França. Tudo em 7 dias! Bem, aí já seria um campeonato ítalo-franco-luso... e hispânico! Com a Espanha pelo meio, uma viagem Lisboa-Madrid seria o equivalente a um Belo Horizonte-São Paulo para um jogo do Brasileirão.   

A injustiça dos golos que não entravam nas balizas adversárias  
O que Paulo Bento nunca esquecerá são as diferenças entre o português de Portugal e o português do Brasil. Acostumado a organizar a defesa com um guarda-redes, dois centrais e um trinco, no Cruzeiro teve de levar com um goleiro, dois zagueiros e um cabeça de área. No ataque foi um desespero ver tantos falhanços na boca do gol. Como explicar aos seus jogadores que deviam mirar bem as balizas adversárias e marcar... golos? Depois dos jogos, era a vez das conferências de imprensa, ou melhor, das coletivas. O que chamou a atenção no discurso de Paulo Bento foi o chororô constante pela injustiça dos resultados. Quase sempre reclamava que o Cruzeiro não merecera perder porque teve os adversários dominados. Quanta ingenuidade! Estando no Brasil, já devia saber a regra básica: Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come!   

Marcelo Oliveira, Vanderlei Luxemburgo, Mano Menezes, Deivid Souza e Paulo Bento. 

20 maio 2016

Brasileirão 2016: rodada 1 X 1 técnico demitido

Foi-se o técnico do Atlético Mineiro...

A dança dos técnicos
Começou a dança dos técnicos no campeonato brasileiro, versão 2016. No ano passado houve praticamente uma troca de técnico a cada rodada. Ou seja, pelas estatísticas, 59 técnicos comandaram 20 clubes em 38 jogos. Claro que alguns eram apenas interinos e só serviram de ponte para a chegada triunfal dos novos contratados. Mesmo assim, haja emoção! Para o Guinness fica o recorde inacreditável de só um clube ter conseguido manter o seu técnico ao longo de todo o campeonato. Foi o Corinthians. E olhem que surpresa! Também foram campeões.

Só o campeão resiste
Portanto, em 2015 só o campeão confiou no seu técnico, o Tite, herói da resistência. Agora, em 2016, começa tudo do zero e coube ao Atlético Mineiro dar o pontapé de saída nas demissões, deixando cair o uruguaio Diego Aguirre após a 1ª rodada, que até foi vitoriosa. Assim, pela lógica, talvez possamos dizer que o Galo já não será campeão este ano. Entraram no Brasileirão frustrados pela derrota na final do campeonato mineiro e ficaram ainda pior com a eliminação nos quartos de final da Copa Libertadores. Quer dizer, o técnico já estava sob grande pressão.

No nanofio da navalha
O nome já avançado para assumir o comando do Atlético de Minas é Marcelo Oliveira, bicampeão pelo rival Cruzeiro, em 2013 e 2014, mas demitido na 4ª rodada do campeonato de 2015, quando era quase unanimemente considerado o melhor técnico do Brasil. Ficou pouco no desemprego e logo foi contratado pelo Palmeiras, onde venceu a segunda prova mais importante do calendário nacional  a Copa do Brasil. Mas depois foi vítima também da Libertadores e... dançou! Enfim, ser técnico de futebol no Brasil é mesmo assim. Significa viver no nanofio da navalha.

... e deve chegar ao Galo o ex-cruzeirense e ex-palmeirense Marcelo Oliveira.

14 maio 2016

Brasileirão 2016 – a emoção voltou!


Começa hoje o Campeonato Brasileiro de futebol. É o Brasileirão 2016! Em 2015 foi campeão o Corinthians. E neste ano, quem será? Diria que, pela tradição, 10 clubes são candidatos ao título, o que é inédito no mundo. Em que parte do globo metade dos clubes participantes num campeonato pode chegar ao fim em primeiro? Na Espanha? Alemanha? Itália? Certamente não! Inglaterra? Ainda não, mas, pelo nível de organização que atingiu o campeonato inglês, pode acontecer algo parecido no futuro. Já no Brasil é o oposto. Tem tudo para se transformar no torneio mais competitivo da face da terra, mas a falta de organização não ajuda ou então os seus dirigentes não deixam. É frustrante ver o país do futebol entregue a gente com outro tipo de interesse que não o de fazer a alegria do povo. Por isso, aquela ideia de que, mais cedo ou mais tarde, o Brasileirão se transformaria numa espécie de NBA do futebol não passa de um sonho. A realidade é bem diferente. Vamos então esquecer os tais dez candidatos ao título. O pior é que também não conseguimos escolher dois ou três.

Os clubes do Brasileirão 2016.  

Afinal, quais são esses clubes de tradição, com muitos títulos e milhares de torcedores? Neste ano, em São Paulo, teremos Corinthians, São Paulo, Santos e Palmeiras; no Rio de Janeiro, Flamengo, Fluminense e Botafogo; em Minas Gerais, Atlético Mineiro e Cruzeiro; no Rio Grande do Sul, Grêmio e Internacional. Onze clubes grandes! O problema é que as finanças da maior parte deles é desesperadora. De um ano para o outro podem perder praticamente uma equipa inteira. Por exemplo, o Corinthians campeão teve de vender seis titulares indiscutíveis. E devem sair mais, porque o início do campeonato brasileiro coincide com a janela de transferências na Europa. Assim, pode acontecer o absurdo de um clube começar com um onze titular em maio e terminar com outro completamente diferente em dezembro. Daí que se torna impossível dizer com certeza quem são os verdadeiros candidatos ao título e muito menos o futuro campeão. Mesmo assim não falta emoção, porque a cada jogador que sai, há sempre um emergente que aparece.

Renato Augusto (Corinthians) – o craque do brasileirão 2015. 

O onze ideal do campeonato passado foi: Cássio (Corinthians), Marcos Rocha (Atlético Mineiro), Gil (Corinthians), Jemerson (Atlético Mineiro), Douglas Santos (Atlético Mineiro), Rafael Carioca (Atlético Mineiro), Elias (Corinthians), Renato Augusto (Corinthians), Jadson (Corinthians), Luan (Grêmio) e Ricardo Oliveira (Santos). Renato Augusto foi o craque do Brasileirão e Ricardo Oliveira o artilheiro com 20 gols. O argentino Lucas Pratto (Atlético Mineiro), como o melhor estrangeiro, e Gabriel Jesus (Palmeiras), como revelação, também foram premiados. A seleção brasileira, de Dunga, contou com alguns elementos que se destacaram nesse campeonato de 2015. Elias, Ricardo Oliveira, Lucas Lima (Santos) e Alisson (Internacional) fizeram vários jogos, sobretudo pelas eliminatórias da Copa de 2018, na Rússia. Gil, Renato Augusto, Fred (Fluminense), Robinho (Santos), Marcelo Grohe (Grêmio) também jogaram um pouco, enquanto que Jemerson, Cássio, Douglas Santos e Geferson (Internacional) se contentaram apenas com o prêmio da convocação.

Ricardo Oliveira (Santos), com 35 anos, foi artilheiro do Brasileirão 2015.

A emoção do campeonato não se restringe ao título de campeão. A Copa Libertadores é uma grande tentação e para lá chegar é preciso ficar entre os 4 primeiros classificados. Os clubes brasileiros têm conseguido bons resultados, com 5 títulos em 8 finais nos últimos 10 anos. O grande vencedor dos últimos anos é o Internacional, com dois títulos, mas o curioso é que, nesse período, nunca foi campeão do Brasil. Aliás, os clubes gaúchos, do Rio Grande do Sul, há muito que não vencem o Brasileirão. Ainda nos últimos 10 anos, o clube mais vencedor é o São Paulo com 3 títulos de campeão brasileiro, seguido por Cruzeiro, 2; Fluminense, 2; Corinthians, 2, e Flamengo, 1. O estado de São Paulo comanda com 5 títulos, contra 3 do Rio de Janeiro e 2 de Minas Gerais. A luta para não descer de divisão é também muito acirrada e chega a ser dramática. Nos últimos anos, pelo menos um grande clube caiu. O histórico Vasco da Gama é o campeão da descida. Em 10 anos caiu três vezes na série B. Corinthians, Palmeiras e Botafogo também foram lá parar.

Gabriel Jesus (Palmeiras), com 18 anos, foi a grande revelação do Brasileirão 2015.

O Brasileirão começa com alguns clubes em festa, comemorando os títulos regionais. São os casos do Internacional, campeão no Rio Grande do Sul; Santos, em São Paulo; Atlético Paranaense, no Paraná; Chapecoense, em Santa Catarina, e ainda os recém-promovidos Santa Cruz, campeão em Pernambuco; Vitória, na Bahia, e América Mineiro, em Minas Gerais. Desses, apenas Santos, Internacional e Santa Cruz venceram também em 2015. Mas, ser campeão regional não significa sucesso garantido no campeonato brasileiro. No ano passado, o Vasco da Gama foi campeão do Rio de Janeiro em maio e caiu para a segunda em dezembro. O Goiás também. Aliás, estes dois clubes repetiram o título este ano, mas vão disputar a série B. O Internacional é campeão gaúcho pela 6ª vez consecutiva, mas fica sempre longe do título brasileiro. Pior é o Grêmio que não vence o regional desde 2010. Em São Paulo, o Palmeiras não é campeão há 8 anos e o São Paulo há 11.

Ser campeão regional não significa sucesso garantido no Brasileirão.

Mas emoção mesmo é assistir a dança de técnicos no Brasileirão. Já a partir do primeiro jogo começa a contagem regressiva para as demissões. Neste momento, o melhor técnico do Brasil é Tite, do Corinthians, campeão brasileiro. Mas no ano passado, Marcelo de Oliveira era bicampeão pelo Cruzeiro, também o melhor do Brasil, e foi demitido após a 4ª rodada. Hoje está sem clube e até questionam a sua competência. Portanto, a profissão mais difícil do mundo é a de técnico de futebol no Brasil. Inacreditável como só um clube manteve o seu técnico durante os 38 jogos do campeonato passado. Foi o Corinthians de Tite. Mas alguns técnicos trocaram de clube várias vezes no mesmo campeonato. Doriva foi o caso mais curioso. Começou no Vasco da Gama como campeão carioca, foi demitido na 8ª rodada, iniciou novo trabalho na Ponte Preta à 17ª e à 29ª recebeu uma proposta do São Paulo, tendo partido para... nova demissão, na 34ª rodada, com apenas 5 jogos. Ou seja, treinou três clubes e mesmo assim terminou o campeonato no desemprego.

Tite (Corinthians), o melhor técnico do Brasil nos dias de hoje. Amanhã é outro dia.

Tite é, sem dúvida,o herói da longevidade, já com 2 anos e 5 meses no comando do Corinthians. Mas neste campeonato, o técnico mais antigo no clube é Givanildo Oliveira, contratado pelo recém promovido América Mineiro em setembro de 2014. Os restantes 18 técnicos deste campeonato ainda estão longe de completar 12 meses nos seus clubes. Dois deles trocaram de clube três vezes em um ano: Oswaldo de Oliveira começou o Brasileirão/2015 no Palmeiras, passou pelo Flamengo e agora inicia o de 2016 no Sport; Eduardo Baptista começou no Sport, passou pelo Fluminense e agora está na Ponte Preta. Quem ainda não sabe muito bem onde foi se meter é o português Paulo Bento, novo técnico do Cruzeiro, o 5º em um ano. Mas certamente já deve saber que no campeonato passado houve 35 trocas de técnicos em 38 jogos. Ou seja, praticamente um técnico foi demitido a cada rodada. Deve ser um recorde mundial. Os outros estrangeiros são o uruguaio Diego Aguirre, técnico do Atlético Mineiro, e o argentino Edgardo Bauza, técnico do São Paulo.

Muricy Ramalho (Flamengo) é o técnico do Brasileirão com mais títulos de campeão (4).

Argel Fucks (Internacional), Dorival Júnior (Santos), Paulo Autuori (Atlético-PR), Guto Ferreira (Chapecoense), Milton Mendes (Santa Cruz) e Givanildo Oliveira (América Mineiro) são os técnicos campeões estaduais e, portanto, iniciam este Brasileirão em alta. Mas também Aguirre e Bauza podem festejar um título antes de se concentrarem no campeonato. Basta vencer a Copa Libertadores. Para já Atlético Mineiro e São Paulo são adversários nos quartos de final. Em matéria de títulos, Muricy Ramalho, hoje no Flamengo, é o técnico mais vezes campeão. Venceu três campeonatos pelo São Paulo e um pelo Fluminense. Os outros campeões são Tite, duas vezes pelo Corinthians, Oswaldo Oliveira, uma vez também pelo Corinthians, e Paulo Autuori, uma vez pelo Botafogo. Então, que a bola comece a rolar o quanto antes, porque o povo está esperando. Cabe agora aos jogadores mostrarem que são bons mesmo. Estrelas? Juan (Flamengo), Fred (Fluminense), Robinho (Atlético Mineiro), Ganso (São Paulo), Guerrero (Flamengo)... e muitos emergentes.

Estrelas em fim de carreira: Juan (Flamengo), Robinho (Atlético-MG) e Fred (Fluminense)