02 agosto 2016

Era uma vez um português no Cruzeiro


Um português, 2... portugueses!
O projeto era muito lindo. Um técnico europeu no Cruzeiro! Mas, um contrato de 2 anos? Aí já não dava para acreditar! O certo é que, em maio, o português Paulo Bento chegou para comandar um dos principais clubes do Brasil. Em julho já estava de regresso a Portugal, demitido. Ficou apenas 2... meses! Mas de uma coisa ele não pode se queixar. Os dirigentes do Cruzeiro cumpriram com os números do contrato. Se ficou 2 meses, saiu com uma recompensa de 2 milhões de euros. E ainda viu o clube rival, América Mineiro, trazer também um português, o Sérgio Vieira, embora demitido um mês depois. A verdade é que 2 clubes da mesma cidade tiveram 2 técnicos... portugueses. Já quanto a questões de contratos, se estava escrito 2 anos e não 2 meses, é sabido que no futebol brasileiro contam mais os números que as letras. Bem, "de letra" só os gols!  

O Cruzeiro e os mega-mini-projetos de longa-curta duração
Ai os projetos lindos do futebol brasileiro! Este de 2 meses, com Paulo Bento, foi apenas a sequência de outro mega-projeto lindo de... 4 meses... com Deivid Souza, que pegou no projeto lindo de... 3 meses... deixado por Mano Menezes, que já tinha herdado um outro projeto lindo de... 3 meses... de Vanderlei Luxemburgo, chamado de urgência para dar uma forcinha no projeto lindo de Marcelo Oliveira, demitido no campeonato passado com apenas... 4 rodadas. Portanto, esse mega-projeto lindo já conta com... 5 rostos... em 1 ano e 2 meses. O 6º comandante deste projeto mega-lindo é, de novo... Mano Menezes, que deixou o Cruzeiro no 8º lugar, em 2015, para regressar agora, em 2016, com o clube em penúltimo. Mas é muito justo, porque ele mesmo deixou o Shandong Luneng em... penúltimo lugar, no campeonato... chinês!

Brasileirão ou um campeonato ítalo-franco-luso-hispânico?
E que experiência leva o técnico português desta curta passagem pelo futebol brasileiro? Pelo menos, a certeza de que técnico no Brasil tem de fazer milagres para ser... treinador. As longas viagens devem ter sido igualmente estranhas. Muitas e longas viagens! Num domingo, o Cruzeiro poderia ter de jogar em Recife, Pernambuco, e no domingo seguinte, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, depois de já ter atuado no meio da semana em Belo Horizonte, Minas Gerais. Seria a mesma coisa um campeonato português em que o Sporting, seu ex-clube, tivesse de jogar em Milão, na Itália; Lisboa, em Portugal; e Marselha, na França. Tudo em 7 dias! Bem, aí já seria um campeonato ítalo-franco-luso... e hispânico! Com a Espanha pelo meio, uma viagem Lisboa-Madrid seria o equivalente a um Belo Horizonte-São Paulo para um jogo do Brasileirão.   

A injustiça dos golos que não entravam nas balizas adversárias  
O que Paulo Bento nunca esquecerá são as diferenças entre o português de Portugal e o português do Brasil. Acostumado a organizar a defesa com um guarda-redes, dois centrais e um trinco, no Cruzeiro teve de levar com um goleiro, dois zagueiros e um cabeça de área. No ataque foi um desespero ver tantos falhanços na boca do gol. Como explicar aos seus jogadores que deviam mirar bem as balizas adversárias e marcar... golos? Depois dos jogos, era a vez das conferências de imprensa, ou melhor, das coletivas. O que chamou a atenção no discurso de Paulo Bento foi o chororô constante pela injustiça dos resultados. Quase sempre reclamava que o Cruzeiro não merecera perder porque teve os adversários dominados. Quanta ingenuidade! Estando no Brasil, já devia saber a regra básica: Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come!   

Marcelo Oliveira, Vanderlei Luxemburgo, Mano Menezes, Deivid Souza e Paulo Bento. 

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