10 setembro 2016

Mourinho x Guardiola: 9ª temporada, 1º episódio


Dois técnicos... de futebol
São dois técnicos de futebol. Estão, os dois, entre os melhores do mundo de todos os tempos. Um é José Mourinho, português, de 53 anos, campeão no Futebol Clube do Porto, Chelsea, Internazionale de Milão e Real Madrid. O outro é Pep Guardiola, espanhol, de 45 anos, campeão no Barcelona e Bayern de Münich. Mourinho tem 23 títulos, ganhos em Portugal, Inglaterra, Itália e Espanha. Guardiola tem 21 títulos, ganhos em Espanha e Alemanha. Quando criança, José queria ser goleiro e se a bola chegasse perto da sua área ele brigava muito com os companheiros. Já Pep era o dono da bola e também brigava muito com os companheiros, mas por querer ficar sempre junto dela. Os dois só pensam em vencer e a tática é o seu mundo; o coletivo, sua obsessão. Mourinho é mais pragmático, enquanto que Guardiola, mais romântico. Os dois são... geniais!  


Duelo... de Titãs
Quando os dois técnicos se encontram, como adversários, tudo pode acontecer. Jornais e televisões de todo o mundo noticiam o embate de titãs com grandes títulos e infindáveis reportagens. Pouco importam os clubes e os jogadores desses clubes. O que chama a atenção mesmo é precisamente o confronto entre os técnicos. Depois, lá dentro, as quatro linhas se transformam numa arena... de futebol... mas também de alta tensão, com os nervos à flor da pele, "mimos" entre jogadores, um a querer "educar" o outro com um simples... chega pra lá... toma lá se você é homem... vem... vem levar... porrada! E é sempre assim que termina... com porrada! As áreas técnicas, onde ficam dirigentes, jogadores reservas e técnicos... o fogo se alastra... pelas bancadas, o público se inflama... o jogo é... Mourinho x Guardiola... ou... Guardiola x Mourinho.


5ª Temporada, 4º episódio: O jogo das trincheiras
Jogo épico nas semi-finais da Liga dos Campeões da Europa, em Barcelona. Era um Barcelona x Internazionale, o 4º confronto Guardiola x Mourinho da época 2009/2010. Em Milão, Mourinho 3x1 Guardiola. Pep tinha sido campeão europeu na época anterior e queria a segunda final. José já tinha sido campeão europeu antes e queria também a segunda final. Dentro do campo, foi uma batalha nunca vista no mundo, uma batalha de futebol... de 11 contra 10! Mourinho perdeu um jogador, expulso, mas nem se importou. Nem quis saber da bola para nada. As suas peças pareciam soldados, em trincheiras, resistindo... resistindo... contra um intenso bombardeio. Guardiola foi o dono da bola e atacou, em fúria... atacou... para matar! Ao fim dos 90 minutos, Guardiola 1x0 Mourinho, mas quem seguiu em frente foi José, para ser... Campeão da Europa.


6ª Temporada, 1º episódio: A humilhação
A época 2009/2010 foi inesquecível para Mourinho. Ele venceu tudo pela Internazionale de Milão, o primeiro triplete - Campeonato italiano, Copa de Itália e Liga dos Campeões - da história de um clube italiano. Por isso, resolveu procurar novos desafios. E desembarcou em Espanha, para treinar um Real Madrid subjugado a papel secundário pelo grande rival Barcelona, de... Guardiola. E o primeiro embate entre os dois foi precisamente em Camp Nou, para o campeonato espanhol. O mundo aguardava impaciente, porque já não era só Guardiola x Mourinho. Tinha também Messi x Cristiano Ronaldo, os dois melhores do mundo. E foi de novo um jogo quente, com muitos gols, "mimos" entre jogadores, expulsões e... um banho de bola! Pep, simplesmente, humilhou José, de uma forma inimaginável. Guardiola 5x0 Mourinho.


6ª Temporada, 3º episódio: Por quê? Por quê?
Foi uma loucura! Em menos de 3 semanas, o mundo pôde assistir a... 4 embates entre Mourinho e Guardiola - um para o campeonato espanhol, outro referente à final da Copa do Rei e dois pela semi-final da Liga dos Campeões. O primeiro jogo, em Madrid, foi só um aperitivo, porque o campeonato já estava praticamente entregue ao Barcelona. Mas a final da Copa do Rei parou o mundo. E foram necessários 120 minutos para se encontrar um vencedor. Por fim, Guardiola 0x1 Mourinho, e Cristiano Ronaldo, o rei. Poucos dias depois, o rei foi Messi, ao desmontar o Real Madrid com 2 gols. Assim, Mourinho 0x2 Guardiola. José ficou passado da cabeça e não se cansou de perguntar... por quê? Por quê mais um jogador expulso? O 2º jogo da Liga dos Campeões serviu apenas para Guardiola carimbar o passaporte rumo à final e ser... Campeão da Europa.


7ª Temporada, 6º episódio: Campeão nota 100
Guardiola não se cansava de ganhar. Campeão europeu pela segunda vez, terminou a época 2010/2011 como tricampeão espanhol. E já começou logo arrasador na nova temporada, vencendo a Supertaça europeia e a Supertaça de Espanha, para fechar 2011 em beleza, com a vitória no Mundial de clubes. Novamente, foi uma loucura de jogos Barcelona x Real Madrid, Guardiola x Mourinho e Messi x Cristiano Ronaldo. Mas Pep foi perdendo força. Ainda venceu a Copa do Rei, mas ficou para trás no campeonato, restando uma pequena esperança de entrar na luta pelo primeiro lugar ao 6º e último embate da época, em Barcelona. Aí, acabou num Guardiola 1x2 Mourinho e a passadeira vermelha do título para o Real Madrid. Assim, Mourinho era finalmente campeão espanhol e ainda batia dois recordes importantes: mais pontos, 100, e mais gols, 121.


Tão amigos que eles eram!
Alguém pode não acreditar, mas Guardiola e Mourinho nem sempre foram inimigos. Aliás, eram grandes amigos. Os dois trabalharam juntos em Barcelona, entre 1996 a 2000. Pep era um médio de grande categoria, prata da casa desde os 13 anos, lançado por Johan Cruiff na equipa principal, com 19. José foi levado para Barcelona em 1996/1997, como tradutor-assistente do técnico inglês Bobby Robson. Foi precisamente assim que Mourinho começou a sua carreira no futebol ao mais alto nível, como tradutor de inglês e assistente. Robson saiu do clube um anos depois, mas o seu substituto, o holandês Louis van Gaal, não abdicou do Mourinho, técnico-adjunto. Ele só sairia de Barcelona em 2000, para ser técnico principal do Benfica. Já Guardiola, ainda jogou alguns anos fora de Espanha, regressando a Barcelona em 2007, para treinar a equipa B.


Para inglês ver
Esta temporada, Mourinho e Guardiola estão juntos novamente, mas em... Inglaterra. E para mostrar ao mundo que podem conviver de novo na mesma cidade, ambos escolheram Manchester para viver. José no Manchester United e Pep no Manchester City. Mourinho é um velho conhecido dos ingleses, é o Special One. Já Guardiola é um estreante, embora não seja novidade nem para Sua Majestade, a rainha Isabel II, que ele só está feliz quando tem o domínio do jogo. E o que mais poderão ver os ingleses? Logo ficarão a saber que Pep não se contenta apenas em vencer. Ele quererá também fazer de Zorro, deixando um 'z' na cara dos adversários, ou melhor, um 'tt', de tiki-taka, para eles nunca se esquecerem dessa marca, de quem é o dono da bola. Já Mourinho, prefere jogar com a bola dos outros e esperar, até desferir o golpe certeiro no oponente, o... game over.

Derby  Mourinho x Guardiola, hoje, em Manchester (Foto: Veja)

07 setembro 2016

A espetacular estreia de Tite como técnico da seleção brasileira


Vencendo antes de começar
A primeira grande vitória de Tite como técnico da seleção brasileira foi não ter caído na tentação de dirigir também a seleção olímpica no Rio 2016, sabendo que a medalha de ouro seria até fácil de alcançar, devido ao pouco interesse dos adversários nessa conquista. Rivais como Argentina, os europeus e também os africanos estavam com seleções remendadas, sem estrelas, ao contrário do Brasil que tinha Neymar. O curioso é que o técnico anterior, Dunga, preferiu levar uma seleção remendada para a Copa América, sem Neymar, achando que, dois meses depois, estaria em condições de atacar o ouro com... Neymar. O Barcelona só liberava a sua estrela para uma competição apenas. Duas não! E se o Brasil teve Neymar no Rio, já não teve... Dunga, demitido após a Copa América, pelo fraco desempenho dos seus jogadores. Tite assumiu, mas preferiu deixar os olímpicos sob o comando de um técnico... olímpico. 

Começar vencendo e logo em jogos oficiais
Foram logo dois jogos oficiais e, ainda por cima, de qualificação para o Mundial de 2018, na Rússia. Tite não teve amistosos para aquecer a máquina e fazer experiências. Quando pegou na seleção muito mal das pernas, com 9 pontos em 6 jogos, num desprestigiante 6º lugar para as eliminatórias da Copa, classificação que não dava direito nem a repescagem, sabia que poderia levá-la ainda mais fundo nesse precipício, lá na altitude de Quito, contra o Equador, que estava em 2º com 13 pontos. Portanto, era uma estreia de alto risco! Depois dessa  prova de fogo, seria a vez de enfrentar, em Manaus, uma Colômbia sempre recheada de bons jogadores, também ela acima na classificação para a Copa, em 5º com 10 pontos. O melhor técnico brasileiro do momento sabia que a sua competência estaria em causa logo no imediato se desses dois jogos não viessem bons resultados. Mas vieram. E foram duas vitórias! Com o Equador, 3-0, e com a Colômbia, 2-1.

Vitória da competência e da inteligência
Resultado? Desde já, o 2º lugar nas eliminatórias da Copa com 15 pontos. Mas se Tite levou para a seleção aquela estrela de campeão que tinha no seu clube, também é verdade que foi preciso muita competência como técnico e inteligência como gestor para sair desses jogos com o mesmo prestígio. Primeiro, desvalorizou a questão da braçadeira de capitão que, antes, era de um despreparado Neymar. Dividiu a responsabilidade entre os jogadores e deixou Neymar livre para, apenas, jogar... futebol. Outro fator positivo foi a chamada de alguns jogadores olímpicos para a seleção principal, deixando o ambiente mais... vitorioso e dourado. No meio-campo juntou Renato Augusto e Paulinho, dois homens de confiança em épocas passadas no Corinthians. A dupla funcionou bem, mas essa é uma aposta de risco porque a rotação deles é diferente, é... da China. Depois, Tite deu à seleção aquilo que ele é muito bom: organização tática. 

Tite, no treino, organizando a seleção taticamente (Foto: Hoje em Dia)