20 novembro 2012

Seleção brasileira: 1000

Brasil de Zico, Falcão e Sócrates na Copa do Mundo de 1982, em Espanha

No passado dia 14 de novembro, o futebol da seleção brasileira comemorou o seu milésimo jogo. Foi contra a Colômbia, em New Jersey, EUA, e o resultado não passou de um empate (1-1). Mas pouco importa o que aconteceu nesse amistoso. Quando uma seleção com a história do Brasil assopra 1000 velinhas, a primeira coisa que nos vem à cabeça é a lembrança daqueles jogos marcantes, aqueles que o passar do tempo nunca consegue apagar da nossa memória.

Jogos do Brasil eu vi muitos. Dos que não vi, eu tento imaginar como terá sido a fascinante caminhada do tri, na Copa de 70, com Pelé e Cia. Mas espetáculos como os que a seleção brasileira proporcionou no Mundial da Espanha, em 1982, não têm comparação possível. O primeiro jogo então, aquele contra a URSS, foi inesquecível. Tudo começou com um frango do goleiro brasileiro, mas a peça escrita por Telê Santana já previa algo assim, emocionante, fora do controle. O show da estreia tinha de ser uma obra prima. E foi! Depois de algum suspense e a sombra da derrota pairando em cima do Estádio Ramón Sánchez Pizjuán, em Sevilha, o melhor ficou reservado para os últimos 15 minutos, com os gols de placa marcados ao melhor goleiro do mundo na altura (Rinat Dasaev), a virada para 2-1, o mundo de boca aberta não acreditando no que acabara de assistir, o futebol arte, o público de pé aplaudindo e reverenciando estrelas de infinita grandeza: Falcão, Sócrates e Zico, bem coadjuvados por Eder, Júnior e Leandro, e ainda Dirceu, Luisinho, Oscar, Paulo Isidoro, Serginho e Valdir Peres.

Nessa Copa, o Brasil conseguiu juntar, no seu meio campo, três dos maiores astros do futebol mundial de todos os tempos. Até hoje, nenhuma seleção teve essa sorte. O meio campo da Argentina já teve Maradona e agora tem Messi; a Holanda, Cruyff; a França, Platini, depois Zidane; mas 3 em 1 como aconteceu com o Brasil de 82, nunca! O mundo teve o privilégio de ver Zico, Falcão e Sócrates, juntos, numa mesma época, numa seleção memorável. 

O Brasil foi campeão? Não foi! Mas não faz mal. Aquela seleção tinha uma missão bem definida: Mostrar ao mundo a beleza do futebol, a arte, a alegria de viver. 

Copa de 82: Falcão, Júnior, Sócrates e Zico na comemoração de mais uma obra de arte  

11 novembro 2012

Brasil e as Bolas de Ouro/FIFA

Messi, o melhor do mundo, e os últimos brasileiros candidatos à Bola de Ouro (2010-2012)

Parece mentira mas é verdade. A FIFA (Fédération Internationale de Football Association) divulgou a lista dos 23 melhores jogadores de 2012 e apenas um brasileiro faz parte dela – Neymar! A menos de dois anos do início da Copa do Mundo a realizar no Brasil, as estatísticas mostram que o país do futebol está mesmo em baixa. Existe também uma lista dos 10 melhores técnicos e a realidade é a mesma – nada de brasileiros! Para completar essa má fase, a seleção amarelinha desceu ao 14º lugar do ranking da FIFA, o pior da sua história. 

Depois de alcançar 8 Bolas de Ouro com a arte e a magia do futebol de Romário (1994), Rivaldo (1999), Ronaldo (1996, 1997 e 2002), Ronaldinho Gaúcho (2004 e 2005) e Kaká (2007), o Brasil vem perdendo protagonismo e assiste resignado a sucessivas coroações de Leonel Messi (2009, 2010 e 2011), que deverá também levar esta de 2012 para a Argentina. Se Messi vencer novamente, será o primeiro a acumular 4 Bolas de Ouro, consecutivamente. Desde 1991, quando a FIFA oficializou este prêmio, França (3), Itália (2), Portugal (2), Alemanha (1), Holanda (1) e Libéria (1), foram os outros países vencedores.  

Em 2010, a lista dos 23 finalistas ao título de melhor jogador do mundo tinha 3 brasileiros – Daniel Alves, Júlio César e Maicon. Em 2011, esse número ficou reduzido a 2 – Daniel Alves e Neymar. E agora, em 2012, só resta o Neymar. Na verdade, esta última lista é bastante discutível e podemos não entender muito bem as ausências de Ramires, que foi decisivo na conquista da Liga dos Campeões da Europa pelo Chelsea, ou de Thiago Silva, para muitos o melhor zagueiro do mundo e um dos grandes agitadores do último mercado de transferências. Mesmo assim, o parâmetro FIFA deve ser levado em conta e servir de reflexão.

Os cinco brasileiros vencedores da Bola de Ouro, desde 1991