21 agosto 2016

O futebol do Brasil já é de Ouro!


Finalmente... a medalha de ouro!
Foi sofrido, mas não importa. Depois de inúmeras tentativas frustradas, do trauma da prata e do bronze, da obsessão por um metal mais nobre, o Brasil finalmente alcançou o ouro olímpico no futebol. Romário, Bebeto, Ronaldo o fenômeno, Rivaldo, Ronaldinho Gaúcho, Roberto Carlos e tantos outros craques tentaram e não conseguiram. Los Angeles 1984 (medalha de prata), Seul 1988 (prata) Atlanta 1996 (bronze), Pequim 2008 (bronze) e Londres 2012 (prata) testemunharam tais pesadelos. Esta era a segunda vez de Neymar, ele que já tinha a prata. Agora, no Rio de Janeiro, conseguiu o ouro!  

E foi contra a... Alemanha!
Sim, foi contra o pesadelo... Alemanha! Não era a mesma dos 7-1 na Copa de 2014, mas não importa. O certo é que o Brasil é ouro e a Alemanha prata! Também não faltou emoção, porque 120 minutos foram insuficientes para se chegar a um vencedor. Depois de uma prorrogação desgastante, vieram os pênaltis, com os jogadores já sem pernas. E se em 1950 o Maracanã foi o cenário de uma tragédia, com aquela final da Copa do Mundo perdida para o Uruguai, a mesma que serviu para crucificar o goleiro Barbosa, desta vez um goleiro foi decisivo. Weverton foi herói ao defender um pênalti. 

Com um técnico... desconhecido!
A obsessão pelo ouro também subiu à cabeça dos técnicos da seleção principal. Já estavam no topo da carreira, mas queriam ser os primeiros a ouvir o hino do Brasil no degrau mais alto do pódio. Assim, coube a Mário Zagallo a primeira tentativa, em Atlanta. Um técnico campeão do mundo! Mas ele fracassou, assim como fracassaram Vanderlei Luxemburgo, Dunga e Mano Menezes. E seria Dunga novamente a comandar a seleção olímpica se, à última hora, não tivesse perdido o emprego para o técnico que até tinha conseguido a qualificação. Um desconhecido Rogério Micale... medalha de ouro!

E os medalhados de ouro são...
Weverton (Atlético-PR), Uilson (Atlético-MG), Marquinhos (PSG), Luan Garcia (Vasco da Gama), Rodrigo Caio (São Paulo), William (Inter), Zeca (Santos), Douglas Santos (Atlético-MG), Walace (Grêmio), Rodrigo Dourado (Inter), Thiago Maia (Santos), Renato Augusto (Beijing Guoan), Felipe Anderson (Lazio), Rafinha (Barcelona), Neymar (Barcelona), Luan (Grêmio), Gabriel Barbosa (Santos) e Gabriel Jesus (Palmeiras) são os 18 atletas que entram para a história do futebol brasileiro como os primeiros a conquistar a medalha de ouro numa olimpíada. Foi em 2016, no Rio de Janeiro.

17 agosto 2016

Brasileirão 2016: balanço do 1º turno

Brasileirão 2016: um destes 6 clubes será o campeão

E o campeão do 1º turno é... o Palmeiras!
O Palmeiras tem sido realmente a melhor equipe. E pelo que mostrou até aqui, vai lutar até ao fim por um título que não vence desde 1994, há mais de 20 anos! Mas se no início do campeonato foi difícil dizer com certeza quais os candidatos ao título do Brasileirão, agora, ao fim dos 19 jogos do primeiro turno, parece que, além do Palmeiras (36 pontos), outros 5 clubes estarão também na briga: Grêmio de Portalegre (35), Atlético Mineiro (35), Corinthians (34), Flamengo (34) e Santos (33).

Surpresas e deceções
As grandes surpresas são Atlético Paranaense (30 pontos) e Ponte Preta (27), que poderão até pensar em uma vaga na Libertadores. Fluminense (28) e São Paulo (26) completam o grupo dos 10 primeiros. Grande deceção tem sido o Cruzeiro (19), lá na zona de rebaixamento, entre o 17º e o 20º, com Figueirense (21), Santa Cruz (18) e América Mineiro (13). O Internacional é um caso de estudo. Foi 1º nas rodadas 5, 7 e 8, para depois cair a pique, até ao 14º, com 22 pontos em 19 jogos.

Dança de técnicos em Portalegre
Mas o Internacional foi também o clube que mais trocou de técnicos. Começou com Argel Fucks, contratado ao Figueirense no campeonato de 2015; passou para Paulo Roberto Falcão, histórico jogador que liderou os colorados no seu último título, há 36 anos, mas agora, incapaz de convencer os atuais dirigentes a não demiti-lo após 5 jogos como técnico; e segue com Celso Roth, para tentar deixar o clube o mais longe possível do 17º lugar, hoje ocupado pelo Figueirense de... Argel Fucks.

Dança de técnicos portugueses em Belo Horizonte
Outro clube que já vai no 3º técnico é o América Mineiro. Começou com o herói da subida de divisão, Givanildo Oliveira, mudou para o português Sérgio Vieira, demitido um mês depois, e caminha ladeira abaixo para a série B, com Ederson Moreira. O Cruzeiro de Belo Horizonte trouxe também um português, Paulo Bento, que começou a trabalhar na 2ª rodada e, dois meses depois, foi trocado por Mano Menezes, vindo a correr sem terminar as férias no Caribe, após ser demitido na China.

Dança de técnicos dos clubes para as seleções
Mas houve técnicos que saíram dos seus clubes de livre e espontânea vontade. Tite, o campeão pelo Corinthians, recebeu um convite para dirigir a seleção brasileira e disse sim. Era um sonho assumido. Mas o São Paulo também perdeu o seu técnico para uma seleção. Aliás, se no decorrer do campeonato passado os tricolores já tinham enviado o técnico colombiano Juan Carlos Osorio para servir a seleção do México, desta vez enviaram o argentino Edgardo Bauza para servir... a Argentina.

Um campeonato mais... portunhol
O campeonato brasileiro está cada vez mais... espanhol. Se no ano passado já se tinham destacado alguns bons jogadores sul-americanos, como os argentinos Pratto e Dátolo do Atlético-MG, o uruguaio Arrascaeta do Cruzeiro, o peruano Guerrero do Flamengo ou o paraguaio Barrios do Palmeiras, este ano chegaram muitos mais. Vieram mais da Argentina para o Flamengo (Federico Mancuello), o Cruzeiro (Lucas Romero)... da Colômbia para o Atlético-MG (Juan Cazares), o Palmeiras (Yerry Mina)...        

E a seleção olímpica... atrapalhando
Na maior parte do mundo os campeonatos param quando as seleções jogam. Mas no Brasil não! A própria gestora do campeonato, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), é a primeira a desprezar os clubes e a indústria que deveria valorizar. Com os jogos cada vez mais interessantes, a CBF tirou jogadores do Santos (3), do Atlético-MG (2), do Grêmio (2), do Palmeiras (2), do Internacional (2)... e levou para a seleção olímpica. Quando o Inter caiu de 1º para 14º, a culpa foi só... dos técnicos. 

Os clubes... tadinhos!
A CBF manda e desmanda! Os clubes, coitadinhos, obedecem a tudo, porque morrem de medo. O engraçado é que a própria CBF tem um presidente que não sai do Brasil, porque tem medo de ser... preso. E a Interpol (Organização Internacional de Polícia Criminal) lá fora, esperando. O incrível é que tudo parece normal. Muitos até reclamam. Os clubes é que não! Desses, tadinhos, não se ouve uma única voz de desagrado, quanto mais de indignação contra os podres do futebol brasileiro. Por que será?   

E os jogadores com medo... dos torcedores
Se os dirigentes dos clubes têm medo da CBF, os jogadores começam a ter medo dos torcedores que, de vez em quando, resolvem invadir os Centros de Treinamento (CT) para exigir explicações sobre alguns resultados menos bons. É caricato e absurdo, mas cenas assim já são muito frequentes no Brasil. Este ano, aconteceram tais invasões nos CTs de Palmeiras, Flamengo, Corinthians, Botafogo, Cruzeiro... e os jogadores a ter de explicar que um jogo pode resultar em... vitória, empate ou derrota.

Boa safra de jovens centro-avantes... olímpicos
Com medo ou sem medo, são os jogadores que fazem o espetáculo. E sempre vão aparecendo novos craques a cada nova edição do campeonato. O que chama a atenção é a boa safra de jovens centro-avantes que vão surgindo no Brasil, uma posição bem carente nos últimos anos. Luan (Grêmio), 23 anos, Gabriel Barbosa (Santos), 19, e Gabriel Jesus (Palmeiras), 19, são atacantes para muitos gols, mas não no Brasileirão. De momento, vão balançando as redes nas... Olimpíadas.

 
Do Brasileirão para as seleções: Tite (Brasil); Edgardo Bauza (Argentina)

04 agosto 2016

Rio 2016: O futebol do Brasil e a obsessão pela medalha de ouro


"Sele-Inter"... de prata
A primeira medalha olímpica do futebol brasileiro aconteceu em 1984. Mas ninguém queria saber dessa besteira. O que contava mesmo era a Copa do Mundo, num país ainda chocado com a tragédia de 1982, quando a orquestra de Zico, Falcão, Sócrates e Cia. produziu um espetáculo divinal, um tipo de futebol-arte que os deuses, boquiabertos, fizeram questão de eternizar, não com a vitória final, mas com a... derrota, num palco espanhol de nome Sarrià. Por isso, ainda sem entender tão cruel destino, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) pegou num grupo de rapazes do Internacional de Porto Alegre, juntou mais dois ou três gatos-pingados de outros clubes, e enviou para Los Angeles, a sede desses Jogos Olímpicos. O povo, querendo recuperar o bom humor, batizou aquele grupo de "Sele-Inter", que até acabaria por alcançar a prata. Entre os medalhados, um tal Dunga ainda voltaria aos Estados Unidos, 10 anos depois, para levantar a taça de campeão mundial como capitão da seleção brasileira.  

Um tetracampeão do mundo... sem ouro
Taffarel, Jorginho, Mazinho, Bebeto e Romário, também campeões do mundo 1994, já tinham participado nos Jogos Olímpicos de 1988, em Seul, na Coreia, e conquistado nova medalha para o Brasil, mas ainda... de prata. Aí, começou a discussão. O único país tetracampeão do mundo em futebol nunca tinha vencido uma olimpíada, a medalha de Ouro? Grã-Bretanha tinha 3 de ouro; Uruguai, 2; Itália, 1; Alemanha do lado de lá do muro de Berlim, 1; Brasil... zero! Que palhaçada era essa? O pior é que nos Jogos Olímpicos de 1992, o Brasil nem esteve presente, eliminado no torneio de qualificação. E que olimpíada foi aquela em que só deu basquetebol? Os Estados Unidos da América tinham deixado os universitários em casa e soltaram as estrelas da NBA (National Basketball Association) para alguns espetáculos em Barcelona. O Dream Team não só conquistou o ouro como divertiu o mundo. Encantado, o Brasil, quis logo recuperar o tempo perdido e resolveu montar também o seu Dream Team... do futebol.

Dream Team do futebol... de bronze
E nada melhor que uma cidade norte-americana para dar a conhecer ao mundo essa nova versão do Dream Team do futebol. E se, em 1992, Barcelona viu Michael Jordan e Magic Johnson, em 1996, Atlanta veria apenas e só os dois melhores jogadores do mundo do futuro: Ronaldinho, o fenômeno, e Rivaldo, o mago das pernas arqueadas. E seriam estes, mais outro Ronaldinho, o Gaúcho, também ele futuro melhor do mundo, que levariam o Brasil à conquista do pentacampeonato, em 2002, na Copa do Mundo da Coreia/Japão. Mas voltando aos Jogos Olímpicos de 96, Atlanta vibrou, realmente, com o futebol e viu o Brasil no pódio, com a medalha... de bronze. Era inacreditável! O futebol brasileiro continuava sem a medalha de ouro. O que deveria acontecer com naturalidade, acabou em... obsessão! Logo a seguir, viriam os pesadelos de Sidney 2000 e o Brasil... sem qualquer medalha; Atenas 2004 e o Brasil... nem foi; Pequim 2008, Brasil... medalha de bronze; Londres 2012, Brasil... medalha de prata. Ouro... zero!

Da tragédia ao... ouro?
Chegou a vez do Rio 2016! Desde Los Angeles 84, o ouro olímpico viajou para França, ex-União Soviética, Espanha, Nigéria, Camarões, México e, pior de tudo... Argentina, 2 vezes. Agora, mais um cenário para o fim dessa maldição - a cidade maravilhosa e o Cristo Redentor como testemunha. Os tempos são outros. O futebol olímpico perdeu interesse e as outras seleções já acham tudo uma grande chatice. E que ironia! Se antes era o Brasil que não se importava com nada, agora os outros é que não querem saber. Da Europa chegam apenas jogadores sem expressão. Da África também não se vislumbra nada parecido com os craques de outrora. Assim, no caminho do Brasil, talvez só reste como adversário perigoso uma Argentina... sem estrelas. Já o Brasil terá Neymar, o melhor do mundo no futuro. O problema é o presente. Só mesmo a Medalha de Ouro para fazer esquecer os 7-1 naquela tragédia do Mineirão, na Copa de 2014. Felizmente, a final do Rio 2016 será no Maracanã. Mas não foi lá a tragédia da Copa de 1950?

Rio 2016: Países participantes na prova de futebol: 16; Medalha de ouro: 1 (Brasil???)

02 agosto 2016

Era uma vez um português no Cruzeiro


Um português, 2... portugueses!
O projeto era muito lindo. Um técnico europeu no Cruzeiro! Mas, um contrato de 2 anos? Aí já não dava para acreditar! O certo é que, em maio, o português Paulo Bento chegou para comandar um dos principais clubes do Brasil. Em julho já estava de regresso a Portugal, demitido. Ficou apenas 2... meses! Mas de uma coisa ele não pode se queixar. Os dirigentes do Cruzeiro cumpriram com os números do contrato. Se ficou 2 meses, saiu com uma recompensa de 2 milhões de euros. E ainda viu o clube rival, América Mineiro, trazer também um português, o Sérgio Vieira, embora demitido um mês depois. A verdade é que 2 clubes da mesma cidade tiveram 2 técnicos... portugueses. Já quanto a questões de contratos, se estava escrito 2 anos e não 2 meses, é sabido que no futebol brasileiro contam mais os números que as letras. Bem, "de letra" só os gols!  

O Cruzeiro e os mega-mini-projetos de longa-curta duração
Ai os projetos lindos do futebol brasileiro! Este de 2 meses, com Paulo Bento, foi apenas a sequência de outro mega-projeto lindo de... 4 meses... com Deivid Souza, que pegou no projeto lindo de... 3 meses... deixado por Mano Menezes, que já tinha herdado um outro projeto lindo de... 3 meses... de Vanderlei Luxemburgo, chamado de urgência para dar uma forcinha no projeto lindo de Marcelo Oliveira, demitido no campeonato passado com apenas... 4 rodadas. Portanto, esse mega-projeto lindo já conta com... 5 rostos... em 1 ano e 2 meses. O 6º comandante deste projeto mega-lindo é, de novo... Mano Menezes, que deixou o Cruzeiro no 8º lugar, em 2015, para regressar agora, em 2016, com o clube em penúltimo. Mas é muito justo, porque ele mesmo deixou o Shandong Luneng em... penúltimo lugar, no campeonato... chinês!

Brasileirão ou um campeonato ítalo-franco-luso-hispânico?
E que experiência leva o técnico português desta curta passagem pelo futebol brasileiro? Pelo menos, a certeza de que técnico no Brasil tem de fazer milagres para ser... treinador. As longas viagens devem ter sido igualmente estranhas. Muitas e longas viagens! Num domingo, o Cruzeiro poderia ter de jogar em Recife, Pernambuco, e no domingo seguinte, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, depois de já ter atuado no meio da semana em Belo Horizonte, Minas Gerais. Seria a mesma coisa um campeonato português em que o Sporting, seu ex-clube, tivesse de jogar em Milão, na Itália; Lisboa, em Portugal; e Marselha, na França. Tudo em 7 dias! Bem, aí já seria um campeonato ítalo-franco-luso... e hispânico! Com a Espanha pelo meio, uma viagem Lisboa-Madrid seria o equivalente a um Belo Horizonte-São Paulo para um jogo do Brasileirão.   

A injustiça dos golos que não entravam nas balizas adversárias  
O que Paulo Bento nunca esquecerá são as diferenças entre o português de Portugal e o português do Brasil. Acostumado a organizar a defesa com um guarda-redes, dois centrais e um trinco, no Cruzeiro teve de levar com um goleiro, dois zagueiros e um cabeça de área. No ataque foi um desespero ver tantos falhanços na boca do gol. Como explicar aos seus jogadores que deviam mirar bem as balizas adversárias e marcar... golos? Depois dos jogos, era a vez das conferências de imprensa, ou melhor, das coletivas. O que chamou a atenção no discurso de Paulo Bento foi o chororô constante pela injustiça dos resultados. Quase sempre reclamava que o Cruzeiro não merecera perder porque teve os adversários dominados. Quanta ingenuidade! Estando no Brasil, já devia saber a regra básica: Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come!   

Marcelo Oliveira, Vanderlei Luxemburgo, Mano Menezes, Deivid Souza e Paulo Bento.